Tradução do livro My Son Marshall My Son Eminem. 26º e 27º Capítulo
Capítulo 26
O segundo casamento de Marshall com Kim foi, o que se pode considerar, o segredo mais mal guardado do mundo. De fato, eles conseguiram manter os primeiros arranjos por debaixo dos panos. Sete anos atrás, no inicio de sua carreira, período que sempre me impressiona, éramos inocentes nessa época, ainda assim conseguimos manter segredo entre a família, a igreja os funcionários do cartório... mas na segunda vez, quando ele tinha um exercito de pessoas para protegê-lo, as informações vazaram.
Um membro da família de Kim vendeu uma foto a Star Magazine. Eles colocaram na primeira página, informando a data e as palavras de Marshall no convite: “Neste dia eu me caso com a minha melhor amiga, aquela por quem eu ri, vivo e amo”.
Mais uma vez um time de repórteres me ligaram, queriam saber porque eu não compareci a festa. Kim devia ter rompido com a sua irmã gêmea, Dawn, por ela também não estava na lista de convidados. Mas a mãe de Kim e o seu padrasto, que não tinham sido convidados da primeira vez, agora estavam lá. Marshall agora era da realeza do rap, e a lista VIP incluía 50 cent, Obie Trice, G-unit e D-12.
Proof foi o padrinho embora relutante. Assim como eu, ela via a trama que Kim criava para persuadir Marshall a se casar novamente. Proof era uma das poucas pessoas que Marshall escutava. Eles se conheciam desde a adolescência, lutaram juntos para entrar na cena do rap em Detroit.
Mas Marshall insistia que ele sabia o que estava fazendo. Alem de tudo, Hailie agora com 10 anos, queria ver seus pais juntos. Ela finalmente seria a dama de honra e Marshall se recusava a decepciona-la.
Kim queria um casamento grande e chique para impressionar a sua família e amigos. Mesmo quando eles eram pobres, Marshall tinha prometido que daria isso a ela. Agora ele tinha condições de realizar esse sonho dela. Era estranho, mesmo com toda a conquista dele, ele ainda tentava provar seu valor a Kim. Ele verdadeiramente a amava, e acho que sempre esperou que ela sentisse o mesmo.
Fiquei sabendo do casamento através de amigos e ri quando li que Kim – que nem se importou em usar uma calcinha para o seu primeiro casamento – tinha escolhido um vestido tradicional branco. Marshall usou um terno preto e como tema uma de suas músicas. Luis Resto, um dos compositores, tocou “Mockinbird” no piano quando Marshall entrou no Meadow Brook Hall em Rochester Hills.
O local tem aproximadamente 1.200 acres, foi lar de Matilda Dodge Wilson viúva de um dos pioneiros da cidade, John Dodge. Desenhada para ter um estilo Tudor Inglês, o prédio tem 110 quartos, é um dos mais populares locais para casamento da Elite de Michigan. O primeiro casamento de Marshall foi em uma capela e Saint Joseph, seguindo por alguns drinks no bar local. Desta vez, os 85 convidados tinham um jantar com lagosta e champanhe a vontade.
Eu tentei não ler as noticias mas acabei cedendo e deixei que um amigo lesse para mim um artigo do Detroit Free Press. O repórter Brian McCollum descreveu a ocasião como “calma e digna”, fazendo referencia a um convidado anônimo que disse “a cerimônia foi de muita classe e intima”. Outro falou “foi um dos casamentos mais tranqüilos que já estive. Era exatamente isso que Marshall estava procurando.
Como sempre com Kim a paz não dura muito. Em abril de 2006 – 82 dias depois do casamento – Marshall entrou com o pedido de divorcio. Meu coração partiu por ele.
O que deu errado? Aquilo que sempre deu errado entre Marshall e Kim: eles não conseguem viver um com o outro, eles não conseguem viver sem o outro, ela adora drama, ele paz e quietude; ela alegou que ele ainda usava drogas, ele negou.
Pelo que sei, Kim saiu de casa no começo de março. Ela sempre desaparece quando ela não consegue as coisas da maneira dela. Marshall não conseguiu encontrá-la em lugar algum, ele falou que a união foi humilhante – e consequentemente – um erro. “Houve uma quebra no relacionamento durante o casamento, sendo que um dos objetos básicos do matrimonio foi afetado e, portanto, não há razões para que o casamento seja mantido”.
O advogado de Kim, Michael J. Smith, que estava presente no casamento e foi um dos que auxiliaram a resolver o problema do acordo pré-nupcial, respondeu: “A noticia atingiu a gente de surpresa. Mas temos que cuidar disso”.
Naturalmente Kim anunciou que iria buscar suporte financeiro. Eu me perguntava de quanto dinheiro ela precisava para viver. Em entrevista a Mojo In The Morning, ela disse que Marshall “não era ele mesmo”, se recusava a ir nas reuniões e ainda usava drogas. Marshall, que estava ouvindo a rádio em casa enviou um e-mail à rádio dizendo: “As alegações dela sobre o meu status pós reabilitação são tanto mentira quanto infeliz”.
Eu tentei entrar em contato com Marshall, deixei algumas mensagens, porque queria que ele soubesse que eu estava aqui para ele. Sejam lá quais forem os meus sentimentos em relação a Kim, eu não gostava de ver o meu filho triste.
Alguns dias mais tarde, 11 de abril, meu telefone começou a tocar novamente. Repórteres do mundo inteiro deixando mensagens. Eu ignorei as ligações deixando a secretária eletrônica atende-las. Depois Nathan me ligou, chorava histericamente. Ele gritava que Proof tinha sido baleado. Proof havia morrido.
Eu conheço Proof desde que ele era apenas DeShaun Holton, outro adolescente fazendo rap no porão com Marshall. Ele sempre foi muito amável. Ele e Marshall estavam sempre juntos. Foi Proof quem encorajou meu filho a subir no palco do Hip-Hop Shop. Ele acalmou o medo de Marshall do palco e – assim como eu – disse a Marshall que poderia conseguir tudo o que quisesse.
Junto com outros amigos, eles se chamavam de Dirty Dozen. O grupo que virou D-12 e eles fizeram um pacto, quem quer que seja que ficasse famoso primeiro iria voltar para buscar os outros. Marshall manteve essa promessa, produziu hits para o D-12 e encorajou Proof a lançar seu próprio álbum solo “Searching For Jerry Garcia”.
Assim como Marshall, Proof foi, em 1999, tema de um artigo na revista Source “Unsigned Hype”. Quando a carreira de Marshall decolou, Proof viajou com ele e era sempre um ombro que ele podia se apoiar. Ele era uma das poucas pessoas que Marshall confiava, porque eles estavam juntos há anos.
Marshall foi visto deixando a sua mansão as lágrimas. Ele havia perdido o meu mais antigo amigo, uma das poucas que ele escutava, que sempre lhe falava a verdade. Proof chamou sua atenção quando suspeitou que ele estava usando drogas, sobre sua bebida e suas brigas com Kim. Eu não conseguia acreditar que ele estava morto. Eu fui e mostrei o meu respeito a meu querido amigo. Ainda achava difícil de acreditar. Eu só conseguia rezar a Deus para dar forças a meu filho, meu coração partia por sua família.
Falaram que Proof, 32 anos, quase 1 ano mais novo que Marshall, entrou em uma discussão sobre um jogo de sinuca no C.C.C. club, um bar de happy hour localizado aos arredores de 8 mile. Proof e um veterano da guerra no Iraque, Keith Bender começaram a brigar. Aparentemente, Proof bateu em Bender com uma arma e atirou no rosto dele. Foi isso que os repórteres disseram, mas eu não tenho certeza se realmente alguém sabe o que aconteceu ali. O primo de Bender, Mario Etheridge, um segurança do clube, alegaram que tinham disparado várias vezes para o alto para alertar e parar a confusão antes de atirar em Proof três vezes na cabeça e no peito. Proof foi dado como morto assim que chegou ao hospital. Bender, 38 anos, morreu 8 dias depois como consequência de seus ferimentos. Etheridge, 28 anos, foi processado por porte ilegal de arma e disparo em local público. Seus advogados argumentaram com sucesso que ele apenas disparou para impedir que Proof matasse seu primo. Eu ainda não acredito que tudo aconteceu assim. Proof era muito gentil, ele nunca faria mal a ninguém.
Marshall foi um dos que carregou o caixão e fez um dos discursos mais comoventes que já vi.
“Você não sabe por onde começar quando você perde alguém que foi de tamanha importância na sua vida e por muito tempo”, ele disse. “Proof e eu éramos irmãos. Ele me levou a ser o que sou hoje. Sem as orientações do Proof e seu encorajamento, existiria um Marshall Mathers, mas provavelmente não existiria Eminem, e certamente não haveria Slim Shady. Nenhum dia se passava sem que ele influenciasse a todos nós. Ele será lembrado como amigo, pai, pelo grande coração e como um embaixador do hip-hop de Detroit. Agora tem muitas pessoas focadas na forma como ele morreu. Eu quero me lembrar da forma que ele viveu. Proof era engraçado, esperto e carismático. Ele inspirava todos a sua volta. Ele nunca, jamais poderá ser substituído. Ele sempre foi, e sempre será o meu melhor amigo”.
Fãs fizeram homenagem a Proof no clube. Havia balões, flores, alguém deixou a marca de cigarros favorita de Proof: Newport Lights, e uma garrafa de Olde English. Eu me preocupava que isso pudesse ser alguma retaliação. A guerra do rap East-West Coast que acabou matando Tupac Shakur e Notorious B.I.G nos anos 90, quem poderia garantir que isso não estava começando novamente? Marshall sempre está associado a Dre, que ajudou a criar a Death Row Records em Los Angeles com Marion “Surge” Knight. Eminem também falou mal de seus rivais em Nova York. E o hip-hop de Detroit estava cheio de facções. Proof sempre foi muito cuidadoso. Ele tinha um guarda-costas em tempo integral, mas naquela noite ele estava sozinho em um clube “barra pesada” as 4:30 da manhã.
Meus nervos não se acalmaram quando soube que Marshall estava dirigindo com pessoas estranhas. Ele descontou a morte de Proof no transito em outros motoristas durante sinal, cortando os carros nas rodovias. Ele entrava em discussões sem nenhuma razão aparente. Alem do obvio – dele ser reconhecido e processado – eu temia que alguém pudesse levantar uma arma contra ele.
Uma mãe sabe quando o filho esta com problemas. Uma noite em agosto meus instintos maternais me venceram. Eu dirigi até a casa de Marshall para ver se ele estava bem. Quando eu sai do carro eu tremia, mas eu sabia que se pudéssemos conversar, só nós dois, resolveríamos nosso problema.
Eu fui parada pelos seguranças entes de chegar a porta de entrada. Mas eles tinham ordens para não deixar ninguém entrar. Cai em lágrimas e tentei explicar que era a mãe dele.
“Ele não está aqui”, um disse. “Ele está em um recital de dança”.
Eu disse que esperaria, mas avistei um segurança que eu conheço há anos. Ele conhecia o meu irmão Todd. Ele me chamou quando eu andava de volta para o meu carro. Entre lágrimas eu perguntei a ele se sabia alguma coisa sobre o caso do meu irmão, ele disse que sabia que não tinha sido suicídio.
“A morte do seu irmão foi jogada debaixo do tapete”, ele disse. “Agora se você falar que fui eu quem lhe disse isso vou negar. Mas um dia a verdade virá a tona”.
Por metade do ano de 2006 eu recebi inúmeras ligações de pessoas que se importam com meu filho. Eles diziam que Marshall estava muito depressivo e estavam preocupados que ele tinha voltado a beber. Como mãe, eu não consigo nem imaginar ter que enterrar o próprio filho. Eu só consigo pensar em Marshall como o garoto que ele sempre foi – amável e gentil que cresceu para ser um músico extremamente bem sucedido.
Eu temo por ele a casa segundo do meu dia. Ele se tornou mais um Elvis Presley, um astro que ele sempre é comparado. Elvis se trancou em sua mansão, engordou e se drogou. Eu não queria acreditar, mas ouvia que Marshall estava fazendo exatamente a mesma coisa. Ele se escondia por trás das portas de sua casa. Eu culpo a equipe do Marshall, eles deveriam trabalhar para ele e não controlá-lo. Ele é como um boneco perto deles, faz tudo o que eles pedem. Eles só estão interessados no dinheiro que ele faz. Não sobrou ninguém com quem ele possa confiar. Nathan tenta estar lá para ele, mas Marshall ainda banca de irmão super-protetor.
Eles brigam como todos os irmãos. Mas é mais difícil para os meus meninos por que sempre há pessoas do Marshall causando intriga entre eles. Como mãe é claro que me preocupo. Mas eu acredito que Marshall vai voltar. Eu acho que ele está dando um tempo, esperando o momento certo. Ele será maior, mais forte e mais famoso que nunca. Eu conheço meu filho, ele não desiste fácil.
A luta pelo divorcio com Kim continuou por metade de 2006. Não importava que a união tinha durado menos de 3 meses ou que eles tinham assinado um acordo pré-nupcial. Eles não concordavam em nada e no final das contas havia o temor que eles iriam para o tribunal.
O juiz apontou um advogado para intermediar, finalmente em 19 de dezembro eles chegaram a um acordo sobre as propriedades e a guarda compartilhada. Marshall estava de volta ao topo do hip-hop com a parceria feita com Akon “Smack That” não chegou a comentar nada sobre o divorcio quando deixou o tribunal.
Ele falou mais uma vez em 2006 – provavelmente o pior ano de sua vida – talvez pela 100ª vez que não estava se aposentando, que ele passou os últimos 12 meses no estúdio junto com seus protegidos. O resultado foi o álbum: “Eminem presents: The Re-Up”, junto com 50 Cent, Stat Quo e Ca$his. Ele estreou na segunda posição da Billboard na segunda semana de dezembro, com criticas divididas. Marshall aparece em algumas faixas e foi altamente elogiado. Mas alguns críticos claramente estavam esperando mais. Na Inglaterra o Independent falou que o álbum pareceu mais um “treino, um exercício leve” com “algumas amostras básicas do talento de Eminem”. Outros críticos perguntaram sobre o tiroteio e as explosões na segunda faixa “We’re back” e se seria uma bizarra homenagem a Proof, que aparece fazendo um verso póstumo.
Marshall respondeu: “The Re-Up é sobre os novos artistas e suas músicas. As faixas na lançadas de Proof virão. Não é justo com eles ou com a memória de Proof misturá-las”. Seu annus horribilis – como falou a Rainha Elizabeth II em 1992 quando o casamento de seus três filhos chegaram ao fim e o seu amado Windsor Castle veio a ruína – chegou ao final, Marshall como DJ na Sirius prometeu um novo material. Ele assinou contrato para fazer uma serie Have Gun Will Travel e estava trabalhando em sua trilha sonora. Alem de produzir o próximo álbum do D12 e algumas faixas deixadas pro Proof.
Como mãe eu queria que ele sentasse e aproveitasse as suas conquistas. Ele tinha fama e dinheiro alem dos sonhos dele. Mas isso não o fez feliz. Eu me preocupava que ele tinha esquecido dos bons tempos que passamos juntos. Ele começou dizendo que as letras dele eram uma piada, que eu na deveria levá-las a serio. Eu fui junto com ele. Mas ai ele começou a acreditar nessas coisas. Não tínhamos nos estranhado ate Fred Gibson o processar. Eu nunca quis o dinheiro dele, eu queria que ele parasse de me maltratar. As coisas saíram do controle. Ele me magoou muito, mas eu sou a mãe dele e o perdoaria por tudo.
Quando Marshall estava crescendo eu tentei o proteger do mundo. As pessoas me alertaram para não criar um escudo entre ele e a realidade, mas eu não consegui. Ele era meu mundo e eu daria tudo para fazê-lo feliz. Fiz o mesmo com Nathan.
Como mãe, talvez eu devesse ter sido mais dura com a disciplina.Talvez eu devesse ter castigado e ensinado o valor do dinheiro. Ele foi terrivelmente mimado e não posso culpar ninguém mais alem de eu mesma. Eu era super-protetora.
Se eu pudesse voltar no tempo iria manter muita coisa igual. Nossa casa sempre foi muito cheia de gente. Eu cuidava deles também, fazia lanches, tinha certeza que eles estava frequentando a escola. Eu cuidava de todos e adorava levar minha neta para comer pizza.
O meu maior arrependimento foi ter aceitado Kim. No começo achei que tudo seria uma maravilha. Ela sera a filha que eu nunca tive. Eu tinha tantos planos e sonhos para ela. Eu imaginei que seriamos uma família feliz. Mas não era para ser. Na minha opinião, Kim destruiu tudo, por Deus eu nunca deveria ter deixado ela entrar na minha casa. Aquela garota destruiu Marshall. Se ela tivesse sido legal, seria diferente. MTV uma vez disse que ele acabou com as duas mulheres que o amaram - Kim e eu. Mas até onde eu sei, Kim destruiu Marshall e eu.
Eu adoraria que Marshall se apaixonasse por uma mulher que o amasse por quem ele é. Mas ele falou a Vanity Fair que não sabe mais em quem confiar. “O motivo pelo qual elas se aproximam de mim é porque sou Eminem. E provavelmente nunca irei conseguir superar essa insegurança .. Essa pessoa se importa por quem eu sou ou é muito tarde agora? Porque eu tenho fama e dinheiro, eu sou quem eu sou”.
O repórter sugeriu que ele namorasse celebridades, pois elas passavam pela mesma coisa que ele, ele respondeu: “Eu tentei, não deu certo. Eu namorei algumas mulheres famosas e fui por essa estrada achando que iria funcionar, e elas acabaram sendo mais loucas do que eu”.
Pobre de meu filho, não pode ganhar. É o mesmo com Nathan. Ele nunca sabe se uma garota se aproxima dele para tentar chegar ao irmão. Todos querem um pedaço do fenômeno que e Eminem. Tudo que Nathan quer é ser ele mesmo. Nathan e eu recentemente tivemos uma longa conversa sobre nossas vidas. “Eu te amo, e não posso pensar em uma mãe melhor do que você”. Eu digo que não sou perfeita, nem pretendo ser, mas uma coisa eu não sou, nunca abusei de ninguém.
Nathan e eu somos muito próximos. Espero que Marshall possa esquecer nossas diferenças e colocar isso no passado, e novamente aproveitar a ligação que tínhamos. Eu tenho sonhado muito que eu estou sentada em uma mesa de restaurante sozinha, quando Marshall entra sozinho. Eu olho em seus olhos, vou ao seu encontro e o abraço. O sonho termina ai, mas é tão real que passo horas pensando nele. Marshall não gosta muito de abraços mais. Ele gostava há muitos anos atras, mas em algum momento Kim tirou isso dele também Até aos 15 anos, quando ela entrou em nossas vidas, ele era sensível e amável. Mesmo que ele só desse a mão para alguém ele se inclinava para um abraço. Eu acho que se nós sentarmos em um restaurante qualquer, podemos voltar onde estávamos. Isso pode ser um sonho, mas sei que sonhos se realizam.
Muitos anos se passaram desde a nossa última conversa de verdade. Eu sei que tem sido tão duro para ele quanto é para mim. Perdemos muito tempo, mas acredito que o amor que temos um pelo outro é maior que isso. Nenhum de nós jamais cortou o cordão umbilical.
Eu espero que, se algum dia, Marshall chegar a ler esse livro, ele entenda melhor as coisas e perceba que a última coisa que quero é machuca-lo. Eu o amo de mais para isso. Eu tentei apagar a dor e a mágoa mas eu quero que ele saiba que eu o amo - sempre amarei.
Quero que ele saiba que não o culpo pelo rumo que as coisas tomaram. Se ele precisar de mim, estarei lá em um segundo.
Capítulo 27
Faz 10 anos que meu filho Marshall se tornou Eminem, o super star e nosso relacionamento ruim. Isso acaba comigo porque passamos por muita coisa juntos antes dele ser famoso. Mas mesmo que ele tenha me virado as costas, ele recentemente está voltando as raízes.
No verão ele foi visitar o túmulo de seu tio Ronnie em Saint Joseph pela primeira vez. Eu daria tudo para estar lá com ele. A morte de Ronnie com 19 anos de idade afetou muito o Marshall, eles tinham a mesma idade e cresceram juntos.
Eu sabia que ele estava lá porque o pessoal do cemitério ligou para mim avisando. Ele ainda é o héroi da cidade, e todos querem conhece-lo. Mas desde que Proof morreu em Abril de 2006 meu filho se fechou. Ele se afastou das pessoas que o amavam e se rodeou de pessoas que acho que não são do melhor interesse dele.
Ele tem algumas namoradas mas Kim ainda está no pano de fundo. Ela sempre estará presente por causa da filha deles, Hailie Jade, mas eu queria que ela parasse de brincar com o coração dele e deixa-se ele seguir em frente.
Marshall está mais velho e mais sábio agora, e acho que ele esta tentando se re-encontrar. É algo que fazemos quando envelhecemos. Eu acho que os 2 anos que Marshall ficou longe dos holofotes da fama foi um tempo útil para reflexão, tentar descobrir o que ele realmente quer da vida.
Ele voltou ao estúdio trabalhando em seu primeiro álbum desde 2004, e produzindo vários artistas. Ele também está trabalhando em sua auto-biografia - espero que ele se lembre dos bons momentos que tivemos como família.
As pessoas me acusaram de escrever esse livro por dinheiro, mas este é último motivo disto. Eu quero acertar as coisas, que meus dois filhos saibam o quanto eu os amo, apesar de nossos desentendimentos. E quero que as pessoas conheçam o verdadeiro eu, e não as pessoas que elas acham que eu sou.
Eu tive muitos amigos ao longo dos anos, e peço desculpas aqueles que não foram citados aqui. Mas obrigada, aos meus amigos e familiares por acreditarem em mim. Nada pode superar ou substituir o lugar das crianças em seu coração. Eu quero dizer a todos os pais que passam por uma situação parecida, que nada é impossível para Deus. Os milagres nunca param e eu me recuso a não ter mais esperança.
Os fãs de Marshall ainda me insultam na rua. Eles me chamam de “8 mile” e acreditam que sou o demônio uma bêbada pirada como foi colocado no filme. Aquela não se parece em nada comigo. O filme é uma ficção, mas as pessoas ainda implicam comigo por causa dele.
Sofri abusos de profissionais da medicina, que só queriam saber sobre meu filho famoso, de lojistas e garçons Constantemente tenho que mudar o número do meu telefone por causa das ameaças de morte.
As vezes me sinto muito sozinha. Minha saúde foi pro céu, pedi peso e sempre me sinto doente. Ainda assim, ninguém sabe me dizer o que há de errado comigo. No Verão de 2007 passei um mês fazendo exames, mas nenhum médico descobriu nada. Alguns só queriam falar sobre meu filho. Pareciam não ter interesse em mim.
Minha saúde vai se deteriorando aos poucos, meus rins e figado estão me dando muita dor, assim como outros problemas. É como se meu corpo todo estivesse se acabando. Eu continuo a esperar que terei um tratamento médico de respeito, sem julgamentos, sem ninguém perguntar sobre meu filho ou nosso relacionamento. Mas nas músicas de Marshall, na internet e na mídia eu sou um monstro.
Ele paga o meu plano de saúde, mas isso tem um preço. O pessoal dele sabem de todos os meus problemas de saúde e nunca me deixam esquecer disso. Eu me pergunto se Marshall sabe o que eles fazem. Ninguem pode deixar a mãe sofrer por tanto tempo só para manter uma imagem de bad boy.
Eu passo dias em dor, mas rezo todos os dias para ter forças para continuar. Eu quero muito me reconciliar com Marshall antes que seja tarde de mais. Acho que ele sente o mesmo, mas depois de tanto tempo, provavelmente ele não sabe mais como se reaproximar.
Eu fiquei muito preocupada com ele no inicio de 2008, quando ele passou 5 dias no hospital com pneumonia e dor no peito. Ele ganhou peso, alguns falaram que ele chegou a pesar mais de 90 quilos e parece ter envelhecido mais rápido. Ele sempre gostou de comer porcaria e comida mexicana. Sei que ele ainda sente a morte de Proof, e a fama que ele tanto desejou faz dele hoje prisioneiro da própria casa.
Eu queria estar lá as vezes para conforta-lo, e sinto muito por não ser capaz de acompanhar o crescimento de minha neta Hailie. Contando a minha história, eu espero que Marshall e Nathan percebam o quanto eu me importo com eles.
Estas foram as recordações da minha vida. E não pretendo machucar ninguém Há tanta coisa ruim acontecendo no mundo e rezo para que as pessoas um dia possam se dar bem um com o outro.
Eu sempre ajudei os desafortunados, colocando as necessidades deles na frente. Eu cuidei de meus irmãos quando eram mais novos e de minha vó quando ela ficou mais velha. Eu ajudava crianças e Marshall e Nathan sempre tinham companheiros para brincar. A casa sempre tinha voz de criança. E mesmo que hoje eu esteja sozinha, o telefone ainda toca. Eu tenho amigos incríveis que me ajudaram muito. Ainda não é capaz de encher o vazio de meu coração, mas ajuda.
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Todos os créditos deste livro são de Debbie Nelson.
Quero agradecer desde o início ao Blog Eminem Forever, que disponibilizou a tradução do livro.
Todos os créditos, fontes e agradecimentos são exclusivos ao Blog Eminem Forever.
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