Tradução do livro "The Way I Am" 1º Capítulo


A partir de agora vou postar a tradução do livro feito por Eminem.
"The Way I Am" de 2008.
Todos os Agradecimentos vão ao Blog Eminem Forever, que disponibilizou a tradução.

Confiram o primeiro capitulo.
Boa leitura:


ALL I KNOW, PART 1

EU SABIA QUE QUERIA SER RAPPER POR VOLTA DOS 14 ANOS DE IDADE. 

Foi nesse mesmo ano que eu conheci Proof. Foi exatamente como eu descrevi em "Yellow brick Road". Eu estava a caminho de Osborn Hight, onde Proof estudava, distribuindo uns panfletos para meu show: "Eu pedi pra ele passar e me checar outro dia, ele olhou pra mim como se eu tivesse enlouquecido,mexeu com a cabeça dele tipo caras brancos não sabem rimar. Eu soltei uma rima e rimei aniversário com primeiro lugar e nós dois tínhamos a mesmas rimas que soavam parecidas. Nós estavam na mesma merda que Big Daddy Kane, onde compus sílabas soando combinadas daquele dia que nós estávamos só de passagem mas de algum jeito sabíamos que nos encontraríamos em algum lugar abaixo da linha."

Na Osborn, Proof me procurava no horário do almoço para batalhar e zoar com uns caras de lá. Nós ganhávamos um dinheiro com isso. Proof dizia: "Aposto 20 dólares no branquelo". Era a teoria "Homens brancos não podem pular" - ninguém achava que um garoto branco pudesse ganhar. Proof manda um som batendo na mesa e eu vencia todos aqueles que queriam batalhar. Isso era constante. Nós chegávamos em casa e dividíamos o dinheiro. Mas ai as pessoas começaram a se cansar desse jogo, e tivemos que inventar um novo.

Foi ai que comecei a pintar minhas calças jeans e jaquetas. Proof me mataria se soubesse que eu contei isso para as pessoas, mas o primeiro nome artístico dele era “Maximum”. Então eu pintei “Maximum” no jeans. Eu levava meus desenhos a serio. Eu dobrava o tecido para a borda das letras se aderirem melhor, e depois pintava o interior. A tinta para pintura eu roubava – parecia um cleptomaníaco. Eu vestia uma jaqueta grande cheia de bolsos para que eu pudesse sair com as tintas.

Meus clientes eram pessoas como o Proof, os caras da vizinhança.  Ele me dizia o que as pessoas queriam e eu falava “Quanto você acha que eu devo cobrar?”, se era $60 eu dava a Proof $20. Naquela época, isso era muito dinheiro para mim, era meu segundo emprego. Melhor do que a fábrica em que eu trabalhava, melhor do que fazer sanduíches  lavar os pratos da cozinha, limpar o maquinário e acabar ficando com a minha mão toda machucada.

Logo mais Proof chegou com esse cara que queria “Eazy-E” escrito nas contas de sua jaqueta. “Eazy-E” com uma arma. Quando eu comecei a pintar não tinha nem ideia do quanto iria demorar. Mais e mais pessoas começaram a querer as roupas pintadas, e começaram a me apoiar. Proof dizia ‘Ei o cara quer sua jaqueta do “Eazy-E”. Quando você termina?”. “Eazy” ficou do tamanho exato da jaqueta cobrindo toda a parte de trás. Toda a arte custou mais ou menos umas 20 jarras de tinta que roubei.

Proof me ensinou a me erguer como homem. Ele foi o primeiro a me ensinar a lutar. Se você nunca levou um soco você tem medo porque não sabe o que esperar de uma briga. Proof e eu fazíamos umas lutas livres de vez em quando. Tinha um cara na Dresden Street que ficava assistindo a nossa briga. Ele gritava “Vamos lá Marshall levanta! Deixa de ser mulhersinha, levanta!”. E Proof gritava “fica no chão cara, fica no chão”. Mas eu sempre voltava pra luta. Ate Proof me nocautear. Eu dizia a ele “Não bate nos meus dentes. Por favor!”

Brigávamos como irmãos, mas nunca tivemos uma briga de verdade. Tínhamos uma ligação que não podia ser quebrada. Brigávamos pelas coisas mais estúpidas. Uma vez eu deixei de buscar Proof como havia prometido porque fiquei conversando com uma garota no telefone. Quando finalmente aparece, Proof disse que não queria mais jogar basquete comigo. Eu joguei a bola nele e mandei ele entrar no carro. Ele jogou a bola dentro do meu carro, bateu a porta e saiu com raiva. Ficamos semanas sem nos falar. Era estranho porque nós dois trabalhávamos no mesmo lugar – Little Caesars. Um dia ele chega e bate na minha bunda com uma toalha. Eu digo “Filho da puta!” corro pra cima dele e começamos a fazer uma guerra de toalhas. Do nada somos amigos de novo.



HIP-HOP SE TORNOU MINHA GAROTA, MEU CONFIDENTE, MEU MELHOR AMIGO. 

Meu tio Ronnie me introduziu ao hip-hop quando tinha 11 anos. Minha avó só teve ele quando mais velha, então mesmo ele sendo o meu tio nós tínhamos a mesma idade, e crescemos juntos quando meninos em Missouri. Ronnie fazia as fitas dele mesmo. Ele vivia em um estacionamento de trailer e tinha dois rádios com espaço para fitas cassete.Ele usava para a saída das batidas. Apertava o play - lembro como se fosse ontem - depois apertava rec no outro aparelho e rimava sobre a batida. "That faggot walking down the street/ He think that he have a funky beat/ Huh-Huh, look at him, combing his hair/I bet that he don't even change his underwear/He thinks ge's bad, I think he's sad/But the only reason I am glad/ I am the king of the funky beat/ I know what's going down". Eu fiz uma cópia e levei para casa, escutei isso inúmeras vezes. Foi quando eu percebi o que eu queria para mim: Rap. Eu não tinha entrado no mundo do hip-hop ainda. Eu curtia Michael Jackson e New Edition, sabe, "cool it now". Mas ainda em "Cool It Now" eles faziam rap no final. Já tinha ouvido rap antes - o primeiro foi "Jam on It" do Newcleus - na rádio. E Ronnie havia comprado a trilha sonora "Breakin'" com uma faixa do Ice-t "reckless" nela. Depois que ouvi suas fitas, comecei a pesquisar tudo sobre rap antigo tipo Mantronix. Eu decorei a letra de "The Message". Tudo estava começando a se encaixar.

No inicio da 6ª série, três garotos me ensinaram a dançar o break. Eles jogavam um papelão no chão e começavam a dançar. Nós vivíamos em uns apartamentos do Governo em Savannah, Missouri, e eu e meus amigos andávamos com peço de papelão para poder dançar na rua - atraímos algumas garotas que viviam no complexo também. Era demais!

Fiquei um tempo sem ver o Ronnie, porque minha mãr mudou novamente para Detroit. Quando voltamos a Missouri para visita-los no verão, Ronnie tinha entrado no heavy metal e usava umas botas de cowboy. Isso me incomodava muito. Eu sabia as letras de LL Cool J "I'm Bad" de frente e verso. Eu ficava na garagem de Ronnie catando, fazendo um show para os carros que passavam. Ninguem podia disser que eu não era o LL Cool J!

"Licensed to Ill" do Beastie Boys me influenciou muito. Porque obviamente eles eram meninos brancos em um mundo de predominância negra. E eles eram muito engraçados. Eu gostava do Beastie Boys porque eles eram eles mesmos - não estavam fingindo. vários garotos do mundo inteiro se identificavam com eles. Quando eles apareceram conquistaram o respeito do uderground. o fato deles serem eles mesmo me ajudou a relaxar e ser eu. Me fez sentir como se eu pudesse pegar o microfone, subir no palco e agitar milhões. Isso é tudo o que um rapper quer.

Eu passava muito tempo sozinho, então o hip-hop se tornou minha garota, meu confidente, e meu melhor amigo. Tinha tanta emoção: LL podia rimar sobre mulheres, e Rakim podia manter na real de maneira profunda. Boogie Down Productions podia te ensinar umas coisas - o que é incrível para aqueles que só escutam a música pelo ritmo. Masta Ace sabia como contar uma história - os pensamentos dele eram super vividos.  

Mcs eram pessoas reais que se vestiam como você. Eles usavam Adidas como você. E o hip-hop era frio e direto. Eu entendia a linguagem. Era juntar as palavras e falar - o que viesse a mente - os pensamentos estavam na minha mente, engraçados ou raivosos ou tristes. Me dava confiança quando as pessoas se identificavam com o que eu escrevia. Me ajudou a falar melhor com as mulheres. Era o ritmo - como no basquete - me ajudava a expressar

Todos aqueles rappers e grupos eram meus professores e eu era um estudante em tempo integral do hip-hop. Acho que vocês conseguem visualizar isso no meu trabalho.

A primeira vez que cantei em um clube eu ainda era um adolescente. Eu era muito novo. Foi uma daquelas coisas que você quer tentar para ver se você se da bem. E eu fui terrível!

Foi em uma festa chamada The Rhythm Kitchen. Eu fui com uns amigos. Sem Proof. Eu estava tentando ser engraçado, e eu disse algo no rap como "cracker" ou "honky". Por algum motivo eu achei que a platéia iria achar engraçado brincar com aquilo, grande erro. Acho que consegui falar umas três palavras a mais quando eles começaram a me vaiar. Foi uma das piores experiências da minha vida. Eu pensei "porra! Não sou bom nisso". Voltei pra casa com o rabo entre as pernas.

Demorei muito, depois daquilo para que eu voltasse a enfrentar um público, mas continuava fazendo rap. Eu fazia composições sempre que podia, mas por causa do equipamento precário que tinha para compor, se eu fizesse merda, tinha de começar tudo de novo. Então eu tinha não só que compor a música, como decorá-la para gravar. Naquela época eu estava em um grupo chamado Bassimint Productions - meu primeiro grupo de rap. Nós levávamos o material pronto para Lisa Lisa e esse cara chamado DJ Dick - eram famosos em Detroit e tinham um show chamado "Open Mic" toda sexta-feira à noite. Eles nos deram a primeira oportunidade, falavam para as pessoas ir conferir nosso trabalho.

Mark Bass ouviu uma faixa chamada "Crackers and Cheese" na rádio e gostou. Ele e seu irmão Jeff tinham um estúdio, F.B.T (Funky Bass Team). Ele ligou para Lisa Lisa e perguntou "Quem são esses caras?" nós conversamos com ele na rádio, e acabamos indo ao estúdio dele, e lá gravamos três faixas demo.

Eu era muito novo. Era o inicio da minha carreira. The Bass Brothers tinham contatos, e eles tocaram isso para umas pessoas na Elektra Records. A gravadora disse "Eminem soa muito novo ainda". Minha voz era muito aguda (não como a que estava em "My Name Is", mas eu chego lá).

Eu comecei a pegar todo o dinheiro extra que tinha e comecei a gravar mais e mais na F.B.T. Mark Bass escutava as faixas e gostava. Aos poucos ele foi me deixando entrar, e as vezes podia gravar de graça lá. Ele via que tinha iniciativa. Eu fazia as minhas fitas cassete e lançava os meus singles. Eu fazia a arte da capa. Quando eu pegava as fitas eu não sabia o que fazer com elas. Comecei a andar por ai e colocá-las em lojas locais, mas elas não vendiam. Eu acho que eu vendi umas três copias daquela merda. Quando eu volto e escuto elas hoje, vejo que eram muito fracas, mas eu achava que elas não eram naquela época.

Quando eu tinha 18 aos, eu estava confuso sobre o rumo que minha vida iria tomar. Eu era bom no rap, mas não era ótimo. Eu achei que poderia ser melhor no basquete do que era no rap. Eu seriamente considerei ser jogador. Durante um ano eu treinei sem parar. Basquete era uma aposta alta, mas o rap também era. Vanilla Ice fez com que fosse quase impossível para um garoto branco conseguir respeito no rap. Proof e eu queríamos esse sonho. Então apostamos alto. Deixamos tudo de lado e fomos tentar o ouro.

Proof largou seu emprego no Little Caesars. Ele dizia: "Foda-se isso tudo. Vou fazer hip-hop em tempo integral". Ele começou a deixar uns dreads crescer e estava no caminho de ser tornar o melhor do hip-hop em Detroit. Proof só voltaria ao Little Caesars algum tempo depois para se apresentar com o seu grupo, Five Elements. As vezes cantávamos nossas musicas no estacionamento, era um momento importante para mim, porque me fazia sentir que eu podia conseguir. Proof achava meu som melhor que o dele! Ele falava: "Droga eu tenho que voltar ao estúdio!". Tinha uma competição saudável entre nós dois. Me ajudou a crescer como compositor e artista. Depois disso ele voltava e tocava mais sons. As batidas deles era incríveis. Se você escutar aquelas faixas, a rima de Proof é maravilhosa! Ele tinha a Tommy Boy Record apoiando ele, e estava sempre viajando para Nova York. Todos nós achávamos que Proof seria o primeiro a conseguir ser famoso.

Por volta de 1992, eu me mudei para o lado leste de Detroit, Novara Street (eu falo dessa rua em "Mockingbird"). Era uma casa cheia de rapazes. Na época eu tinha uma namorada mas ela não morava lá comigo. Eu saia do trabalho as 23hrs e sentávamos na varanda e bebíamos 40s e fazíamos rap um contra o outro ou íamos de freestyle mesmo.

Denaun Porter, conhecido como Kon Artis no D12, ficava lá também. Ele acabou indo trabalhar lá no Little Caesars com a gente, e eu cedi meu quarto para ele colocar algumas coisas dele lá. Eu dormia no sofá, não tinha problema com isso. Era uma troca justa porque era ele quem fazia as minhas batidas. Depois íamos ao estúdio sempre que podíamos.

Denaun também foi morar comigo, Kim e Hailie em Fairport Street quando Hailie era recém-nascida. Proof montou um pequeno estúdio no porão. Isso foi no inicio do D12, estávamos começando a nos reunir, mas ainda nem sabíamos disso. Éramos todos amigos, nos conhecemos através de Proof. Todos eram muito bons naquela época e fizemos esse pacto, quem saísse primeiro voltava para o resto de nós.

Rap era um sonho para mim, mas era só o que eu tinha. Porque de boa, o que mais eu iria fazer da vida? Eu tinha uma filha. Kim e eu sempre estávamos sendo despejados, ou nossa casa era invadida ou tinha tiroteio próximo. Nos mudamos para a casa dos pais de Kim. Era suportável. Colocávamos um colchão no chão e falávamos que aquilo era um quarto.

A IMPORTÂNCIA DO HIP-HOP SHOP PARA MIM ERA ENORME

Quando Maurice Maloe abriu o The Hip-hop Shop, aquilo era principalmente uma loja de roupa. Proof era o apresentador e fazia as batalhas e os concursos de rima. Maurice sempre dava apoio aos artistas locais. O Hip-Hop Shop era como Apollo - você poderia ser atirado de lá se não prestasse atenção no que estava fazendo. Era o local onde você poderia ser reconhecido não só em Detroit mas em todo o mundo. E a platéia não atirava besteira. Se você fazia merda, eles te tiravam de lá.

Proof era um gênio. Ele planejou tudo uma vez, me disse que haveria uma grande batalha e que eu deveria ir e chegar lá no final para que eu pudesse entrar mais facilmente pela portaria. Ele disse "Vá lá, veja se gosta, se não gostar não precisa mais voltar". Foi o que fiz, cheguei lá 20 minutos depois que a batalha acabou. Isso foi em 1995. Eu rimei e tive uma resposta e foi insano! As pessoas estavam pulando e gritando. Alguns perguntaram "Proof, onde você achou esse cara?"

Eu comecei a ir toda semana. Coordenava os horários do meu trabalho com a programação do hip-hop shop. Fui tomando mais confiança, e só depois comecei a batalhar com outros rappers. Eu era o único branco lá, eu estava sendo reconhecido, finalmente tendo o respeito que sempre sonhei. Mesmo que fosse em um circulo pequeno - não fazia diferença. Eu finalmente estava sendo aceito.

Toda semana eu estava lá. Comecei a me viciar pelo "Oohs" e "Ahhs" da platéia. O público crescia toda vez. Comecei a fazer um nome em Detroit e passei a receber pelos shows que fazia. Isso foi um grande passo para mim. Comecei a andar mais depois que conheci meu empresário, Paul Rosenberg em 1995. Proof - é claro - nos apresentou depois que ganhei a segunda maior competição anual no The Hip-Hop shop. Paul se mudou para Nova York para se tornar advogado, mas continuávamos mantendo contato. Vez ou outra eu enviava uma demo para ele. Era o esqueleto do que se tornaria "The Slim Shady EP". Paul ouviu a fita e achou que era outro nível do que tinha feito em "Infinite" sabe? Ele ficou todo feliz e foi para um orelhão me ligar em Detroit. Ele estava falando de Manhattan e com as fichas telefônicas acabando só para perguntar se podia ser meu representante e começar a comercializar o meu material.

Eu já tinha um empresário na época, mas resolvi ficar com Paul depois que fui a Nova York e vi os movimentos que ele estava fazendo para mim. Nós estávamos ficando na casa dele em Astoria no Queens, quando o meu antigo empresário e eu brigamos por causa de um sanduíche Whopper. Meu empresário estava no Burger King, ele sabia que não tinha dinheiro algum e nem nada para comer. Puto, eu disse foda-se. Que tipo de empresário é você? Se você quer representar alguém você tem que acreditar na pessoa. Investir. É uma aposta, é uma roleta russa.

Depois do hip-hop shop eu comecei a crescer nas batalhas. Em 1997 eu fui para Ohio no Scribble Jam. Eu cheguei a batalhar com o campeão - Juice. Ele acabou comigo na primeira batalha e eu acabei com ele na segunda. Deveríamos ir para o tiebreak, mas descobri que o empresário dele já tinha um esquema por trás. Na última rodada cheguei a soltar algumas linhas antes de travar. Juice veio com uma rima perfeita que ele havia feito antes - tudo se encaixava muito perfeitamente cara. Ele dizia algo como "This dude wants to stand here and act like he can drop lines/I Just walk right past his ass like a stop sign". A platéia ficou louca. Juice ganhou.

Eu voltei a Detroit depressivo e quebrado. Pouco depois disso comecei a gravar a versão original de "Rock Bottom" do "Slim Shady LP". Uma faixa séria de triste. Durante essa gravação eu e Mark Bass descobrimos que o cara que achávamos que iria conseguir um acordo para a gente no Jive Records era apenas o porteiro, e não tinha força de decisão nenhuma lá. Eu já estava depressivo e isso acabou comigo. Aquela noite no estúdio foi a primeira vez que experimentei droga. Eu engoli uma caixa de Tylenol 3s. Eu só pensava em terminar a música, e que essa seria a última música que eu gravaria. Graças a Deus eu não tive tolerância aos remédios e acabei vomitando tudo no banheiro.

Na Rap Olympics em LA, eu cheguei as finais. Eu tinha as metáforas na cabeça. A chave do freestyle é você soltar uma linha que sabe que o povo vai gostar. E vão estar tão ocupados analisando aquela frase que não vão nem ouvir o resto do que você falar, então você pode dizer qualquer coisa.

No final eu deveria ir ao palco, rimar frente a frente, cara a cara, homem contra homem. Mas esse cara chamado Otherwizer, foi para atrás da projeção de vídeo, e ficou na minha direção contrária. Eu não tinha ninguém na minha frente para acabar. Eu nem me lembro de quais foram as suas rimas, eu só lembro dele gritando que ele iria me fuder, cortar minha garganta, me matar. Nem sei se as coisas rimavam. O prêmio era $500 dólares e um Rolex. Nem sei se o Rolex era real, mas eu precisava do dinheiro, e os 500 eram bem reais.

Fiquei puto que perdi de novo. Porque em Detroit eu era invencível. Quando eu estava saindo da Rap Olympics, esse cara chamado Dean Geistlinger da Interscope - ele era assistente de Jimmy Iovine - se aproximou e pediu uma demo minha. Eu estava tão puto que joguei a fita para ele. Tudo que eu pensava era "O que vou fazer agora? Como volto para casa de mãos vazias?"

Agradecimentos e Créditos ao Eminem Forever.

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