Tradução do livro My Son Marshall, My Son Eminem. 7º Capítulo



Leia abaixo o 7º capitulo:

Capitulo 7

Em 1981, quando o Marshall tinha 9 anos, eu o matriculei na escola Dort Elementary, em Roseville, Michigan. Ele era pequeno para a idade dele, e como era um aluno novo era alvo constante de valentões. Seu maior tormento era DeAngelo Bailey, um garoto negro, grande de Detroit que era dois anos mais velho. Eu não sabia na época, mas Bailey costumava abaixar a sua cabeça, arrastar um de seus pés para trás, rosnar e depois partir para cima de Marshall como se fosse um touro. 

O primeiro incidente ocorreu em 15 de outubro, dois dias antes de aniversário de 10 anos de Marshall. Marshall chegou em casa chorando com os lábios partidos e o nariz sangrando. Ele não me falou quem o atacou. Só disse que era um garoto grande e mais velho. Ele estava muito abatido e vomitava de nervoso. Eu liguei para o diretor para reclamar e depois passei a noite aos pés da cama de Marshall vendo ele se revirar no sono. 

Um mês depois Marshall chegou em casa dizendo que havia apanhando do mesmo garoto novamente. E mais uma vez ele não me disse o nome de seu agressor. Ele estava apavorado. Novamente, liguei para escola, implorando para que os funcionários cuidassem de meu filho. Marshall começou a ter terríveis pesadelos. Ele acordava gritando que o garoto estava batendo nele. O ato de deixá-lo na escola era de partir o coração. Ele começava a gritar. Depois dizia que estava doente, que sua perda doía ou estava com dor de estomago. Eu passava horas tentando conversar com ele sobre o fato. Mas ele ainda não me falava o nome do garoto. 

Alguns dias antes do natal, Marshall chegou chorando de novo. Desta vez ele havia apanhado muito. Ele tinha machucados e arranhões por todo corpo. Era como se um gato tivesse brigado com ele. Eu já estava no meu limite. E de novo, eu gritei para a escola fazer alguma coisa. 

Eu não suportava ver meu filho com tanta dor. Ele sempre havia odiado escola, usando os valentões como uma desculpa para faltar de aula, mas normalmente as coisas melhoravam quando ele deixava de ser o "novato" na área. Eu esperava que acontecesse o mesmo na Dort Elementary. 

Eu sempre busquei Marshall na escola, mas no dia 13 de janeiro, ele não saiu pelo portão correndo pro meu lado como de costume. Eu não conseguia encontrá-lo em lugar algum. 

Eventualmente, duas crianças me falaram que ele estava no banheiro. Eu entrei na escola correndo e gritando o seu nome. Quando eu entrei no banheiro eu o encontrei deitado em uma poça de sangue, com o corpo convulsionando. Eu o levantei em meu braços, e coloquei ele no banco de tras do carro e corri para o hospital. Estava histérica. 

Marshall passou quatro dias no hospital, seu estado variava de consciente para inconsciente. Eu não saia do seu lado, somente quando ia para a capela rezar. O seu nariz sangrava assim como suas orelhas. Constantemente ele perdia a visão. E tinha pesadelos ainda mais horríveis. Ele se deitava em posição fetal e chorava enquanto eu o acariciava para fazê-lo dormir, até ele acordar gritando. Os médicos diziam que se travava de "um conjunto de atividades irregulares no cérebro". Era horrível ver meu filho naquele estado. 

Durante esses quatro dias nós vimos 21 médicos. Eram especialistas para o ouvido, nariz, cérebro. Ele tinha uma concussão cerebral, síndrome pós-concussão e um avançado estado de estresse pós-traumático. Sua visão também estava comprometida. 

Mais tarde os médicos me chamaram na sala de conferencia hospitalar. Eles disseram que Marshall havia sofrido uma hemorragia cerebral. 

"Não há como reverter" disse um médico. "Ele nunca mais será o mesmo. Ele precisa ser internado". 

"Deve haver algo que podemos fazer" eu implorei. Mas o médico limitou-se em balançar a cabeça sendo silenciosamente apoiado por seus colegas. 

Eu me recusei a aceitar o diagnóstico. Eu lutei muito para escapar da minha terrível infância, do pai de Marshall, Bruce, eu não iria desistir do meu filho. Então eu levei Marshall para casa e me dediquei a cuidar dele por conta própria. Ele era tudo o que eu tinha e não podia perde-lo. 

A principio ele era igual a um bebê só ficava em meu colo. Ele se encolhia no sono e acordava gritando. Ele acordava agitado, se levantava e começava a rasgar o travesseiro ou a quebrar as cortinas. Era como se ele acreditasse que estava lutando contra seu agressor. 

Eu tive que ensinar novamente o Marshall as coisas mais simples. Quando ele era um bebê ele aprendia muito rápido, ele andou antes de seu primeiro aniversário e já falava frases inteiras aos dois anos. Agora eu tinha que ensiná-lo a como calçar os sapatos corretamente, ensiná-lo a amarrar o cadarço, a abotoar a sua camisa. Ele não sabia mais nem como colocar um cereal na tigela. Ele estava sob medicação para evitar convulsão, manter sua pressão sanguínea estável e parar com o sangramento de seu nariz e ouvido. 

Fred foi embora. Ele não queria ficar perto de todo esse "drama", como ele chamava. De qualquer forma, eu mal tinha tempo para ele. Minha vida passou a ser focada completamente em cuidar de Marshall. 

Eu não trabalhava mais por causa da doença de Marshall e voltamos para a assistência social. Era de partir o coração. Eu nunca havia implorado por nada antes. Fiz o meu melhor para manter as coisas estáveis, mas havia dias que eu chorava até dormir. 

Eu descobri o nome de DeAngelo Bailey com os amigos de Marshall, mas demorou meses para que eu pudesse começar a falar sobre ele com meu filho. Eu passei a educá-lo em casa mesmo, ensinava ele a ler e a escrever novamente, mas ele ainda tinha medo de que Bailey o perseguisse novamente. Constantemente eu o assegurava que ele estava a salvo. 

Aos poucos ele me contou o que aconteceu no dia 13 de janeiro. Estava nevando e eles estavam brincando de "rei da montanha" com um grupo de amigos no pátio da escola quando Bailey chegou. Ele jogou um pedaço grosso de gelo em Marshall que acertou a sua cabeça, Marshall perdeu o equilíbrio e caiu no chão batendo a cabeça novamente.

Eu consultei um advogado para saber se podia fazer alguma coisa. Eu estava passando pelo inferno com meu filho, eu não queria que ninguém mais sofresse nas mãos de bullies como Marshall. Os remédios de Marshall custavam mais de cem dólares, e eu não podia trabalhar para cuidar dele. Eu encontrei um advogado e dei o meu depoimento explicando o que aconteceu. Um funcionário da escola riu de mim. 

"Você não vai nos processar. Eu vou dizer que ele bateu a cabeça na porta da escola quando ele tentava entrar", ele zombou. 

O caso foi para o tribunal. O juiz decidiu que as escolas de Michigan era imunes a processos. Mas eu organizei uma petição, coletei o nome de outros pais, fiz o meu melhor para que todos soubessem o que aconteceu com meu filho. Depois disso, o Conselho Educacional passou a oferecer um seguro conta acidentes na escola. Eu gosto de pensar que o meu caso contra a Dort Elementary teve algo a ver com isso. 

Marshall teve a sua revanche: em 1999 ele citou o nome do seu agressor na faixa "Brain Damage" no The Slim Shady LO. Bailey, que trabalhava como faxineiro, processou Marshall, alegando invasão a privacidade e que ele havia se tornado objeto de ódio. Ele disse que a letra de Marshall estava atrapalhando a sua carreira de rapper em acessão. Eu fiquei chocada ao ouvir isso. Como ele ousava?

Fonte e Créditos á Eminem Forever

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