Tradução do livro My Son Marshall, My Son Eminem. 12º Capitulo
Capítulo 12
Em Março de 1990 eu estava no carro com Nathan e um amigo chamado Gary, dirigíamos por Kalamazzoo, Michigan quando um motorista bêbado bateu na minha traseira. A minha garganta bateu no volante e levou todo o impacto da batida.
Depois de uma visita breve ao hospital, eu voltei para casa pensando que o estranho caroço que estava na minha garganta sumiria. Mas piorou. Comer era impossível. Minha voz sumiu. Eu achava que o choque da batida tinha evoluído para laringite. O máximo que conseguia era falar baixo e com uma voz rouca. De alguma forma as minhas cordas vocais ficaram danificadas.
Até então os médicos achavam que ela estava apena inchada. Eu não conseguia beber água sem engasgar.
E perdi peso e cheguei a pesar pouco mais de 40kg. Eu não queria preocupar os meus filhos então no jantar eu fatiava a comida em pequenos pedaços e quando eles não estavam olhando, empurrava a comida para um guardanapo. Eu não conseguia engolir. Até comida de bebê se recusava a descer na minha garganta.
Nathan que tinha 4 anos, chorava toda hora. "Eu não quero uma mãe que não fala".
Eu conversava usando um caderno e uma caneta até que minha voz foi aos poucos voltando. Eu passei horas em um fonoaudiólogo reaprendendo a pronunciar os Ks e os Ss, fazendo exercícios vocais...O médicos chamam isso de disfagia*, e me disseram que é semelhante a um paciente que sofre um derrame, pois eles tem que aprender a mastigar, usar a língua e a engolir.
Eu não tinha mais sensibilidade na garganta o que tornava impossível saber se a comida havia realmente decido corretamente. Eu vivia a base de sopas e purê até que a minha disfagia amenizou. Mas até hoje eu sofro com problemas na garganta.
Anos mais tarde, Marshall alegou que eu fiz ele deixar a escola para que ele cuidasse de mim. Isso não é verdade. Ele já tinha largado e estava trabalhando em serviços diversos nos prédios locais.
Mas enquanto o meu dano fisiológico era aos poucos sanado, o meu dano psicólogo permanecia. Eu comecei a ter ataques de pânico. Algo tão fácil como entrar em um restaurante se tornou impossível. Eu via o rosto das pessoas, e suas vozes se ampliavam, eu sentia que todos estavam olhando para mim.
O meu peito começava a doer e eu não conseguia respirar - eu tinha que fugir. Finalmente eu consegui uma receita médica para me ajudar com estes ataques de pânico.
Para mim, drogas são apenas as substancias ilegais como cocaína e heroína, não remédios que o médico prescreve. Por conta disso, os comentários e as letras de Marshall me magoaram muito. Na música "Marshall Mathers" ele fala que eu escondia as pílulas em baixo do meu colchão, e em "Cleanin' Out My Closet" ele foi mais alem. Ele culpava a minha mudança de humor por todas as tragédias que aconteceram com a gente, falando que eu sempre estava reclamando das coisas que faltavam. Bom, eu culpo Kim por isso. Ela sempre me passava para trás. Até um Santo iria perder a paciência com ela.
Ela ligou para policia uma vez denunciando um gabinete que ela achava que não era meu. Nathan e eu tínhamos viajado de férias, era o nosso primeiro dia em casa desde que retornamos. Eu acordei com a policia batendo na minha porta perguntando se poderiam entrar e olhar a casa. Eu não tenho nada a esconder, então deixei eles entrarem. Antes de isso acontecer, havia tido uma entrega por engano de um gabinete móvel la em casa, mas nós já tínhamos resolvido a situação.
A policia olhou meu quarto, olharam no quarto de Nathan e ao abrir o closet, lá estava o gabinete. Kim ria e dizia "ha ha ha presa em flagrante".
Eu fui levada a delegacia de policia e fichada. Eu pedi aos oficiais para procurarem no gabinete minhas impressões digitais, eu sabia que eles não iriam achar. Era só mais um drama com Kim.
Não muito tempo depois eu voltei a dirigir. Marshall me ligou de Ohio, onde ele tinha viajado pelo fim de semana. O carro do amigo dele havia estragado. Eu peguei um carro da minha companhia de limusines e, junto com Nathan, dirigimos a noite inteira, chegamos lá as 4 da manha. Mas Kim se recusava a ir embora. Então todos nós concordamos em passar mais um dia la e iríamos embora para Michigan às 22 horas. Eu sabia que Kim iria me desafiar. Dito e feito, ela apareceu para ir embora somente à meia noite.
Na quarta hora de viajem de volta eu olhei pelo retrovisor, Marshall e seus amigos haviam adormecido mas Kim ficava fazendo dedinho para mim. Ela começou a derramar Pepsi no chão da limusine. eu respirei fundo e pedi para ela parar.
"Mas eu não estou fazendo nada" ele chorava. "Viu Marshall, sua mãe me odeia" ela disse acordando meu filho.
Eu parei em um posto de gasolina, peguei umas toalhas de papel no porta luvas para absorver o liquido no carpete da limusine. Kim sentava lá sorrindo. Quando finalmente chegamos em casa Kim veio correndo atrás de mim segurando um banquinho para os pés e bateu com ele em minha cabeça, depois gritou, "Vamos Marshall, venha". Se eu não estivesse relaxada ela podia ter quebrado meu pescoço.
E esse foi o meu agradecimento por dirigir durante a noite para resgatá-los. Não era culpa de Marshall, mas eu já estava de saco cheio. Eu bani Kim da nossa casa.
Kim foi a primeira namorada de Marshall, antes dela ele era mais interessado em criar música no porão do que perseguir o sexo oposto. Eu achava que com o tempo eles iriam terminar, mas parecia que quanto mais ela ameaçava ele, mais devoto ele se tornava. Ela tirava zarro ate das composições dele.
Marshall andava com o caderno para todo lado para ele poder fazer suas composições. Havia pilhas e pilhas de cadernos em seu quarto. Uma noite ele saiu com raiva do quarto segurando esses cadernos e jogou todos eles no lixo.
"Kim disse que eu sou nada, eu sou ninguém. E eu nunca vou conseguir fazer sucesso", ele disse.
Eu tirei os cadernos do lixo e disse a ele para parar de ser estúpido. Eu acreditava nele, os amigos dele acreditavam nele, ele era talentoso... Eu disse a ele que não duvidava dele nem por um minuto, que ele faria sucesso.
Essa cena se repetiu várias vezes durante vários meses. Kim sabia como provocá-lo. Chegou ao ponto de ter que usar psicologia reversa com ele.
"Okay" eu disse a ele depois dele jogar seus cadernos fora. "Kim está certa. A família dela sempre disse isso também. Você não vai conseguir. Ninguém acredita em você. Você é inútil".
"Não eu não sou", ele dizia indignado.
Momentos depois ele tirava os cadernos do lixo e voltava com eles para o seu quarto.
Eu sabia que Marshall tinha talento. Eu sempre disse a ele que ele poderia conseguir qualquer coisa, e no momento que ele anunciou que queria ser rapper eu o apoiei 100%. Suas letras eram ótimas. Ele trabalhava duro em suas composições.
Ninguém estava mais orgulhosa que eu no dia em que ele subiu ao palco da escola Centerlie Hight School em um show de talentos com seus amigos Mike, Matt e James. Marshall era o homem central. Ele usava roupas brancas com as iniciais M&M desenhadas na forma da empresa de chocolates.
Eles cantaram por 30min. e eram letras positivas. Não havia nada sobre sexo, drogas, ou assassinato. Eu tinha uma câmera Polaroid e tirei muitas fotos do show. Marshall olhava para mim para ter certeza que eu estava tirando fotos legais.
Eu nunca fui a um clube de Detroit onde ele tinha as suas batalhas de rap. Ele ja tinha dificuldades em provar o seu valor sozinho, não precisava da mãe ao lado para atrapalhar mais ainda. Ele começou a trabalhar em "Infinite" seu primeiro álbum. As letras que eu vi tinham alguns palavrões mas nada muito chocante como o que veio depois.
Marshall raramente falava palavrões. Ele teve uma briga com Proof uma vez, e eu falei com ele que era dever dele ir resolver isso.
"Porra mãe, eu estou tentando" ele disse.
Ele apenas falava assim quando ele estava com raiva ou frustrado. Marshall não foi criado em um ambiente de palavrões - eu mesmo me policiava quando Kim me provocava, eu estava começando a soar como eles.
*A disfagia pode ser definida como dificuldade de deglutição.
Fonte e Créditos á Eminem Forever
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