Tradução do livro My Son Marshall, My Son Eminem. 13º Capitulo


Capitulo 13

No inverno de 1991 em Missouri, a morte pairou sobre a minha família. Todd matou com um tiro Mike Harris, o cara louco que tentou me atacar com uma faca quando eu estava grávida de Nathan. Harris estava perseguindo Todd, ameaçando estuprar e matar seus filhos. Todd, que nunca fez nada de errado a não ser ter uma ou outra multa de carro, iria para cadeia agora por assassinato. Eu estava me preparando para ir a Saint Joseph ajudá-lo em sua defesa quando minha mãe me ligou. 

Ela estava histérica, gritava que o meu irmão mais novo, Ronnie 19 anos de idade, estava morto. Tudo que consegui ouvir era algo sobre uma arma. A policia trabalhava com a hipótese de suicídio. Eu tremia como vara verde e deixei o telefone cair. 

"Ronnie morreu", eu disse a Marshall. Ele balançou a cabeça e tapou os ouvidos com as mãe gritando "Não, não!" repetidas vezes. Finalmente ele cedeu e começou a chorar enquanto eu tentava consola ele. 

Ronnie e Marshall nasceram com dois meses de diferença. Tecnicamente eles são tio e sobrinho, mas em realidade eles eram irmãos. Eles cresceram juntos, fizeram pacto de sangue para serem irmãos para sempre. Ronnie comprou o primeiro álbum de música para Marshall, "Reckless", aos 9 anos ele introduziu Marshall ao mundo da música de Ice T. O primeiro rap os dois fizeram juntos. 

Ronnie não teve a melhor educação do mundo. Minha mãe vivia se separando e se casando de novo com o pai de Ronnie, Ronald Polkingharn, fez isso pelo menos duas vezes antes de minha mãe se casar com outro homem, Carl Coffey.

Ronnie sempre teve uma alma muito gentil, por isso todos nós ficamos surpresos quando soubemos que ele havia se alistado para o exercito. Era provavelmente uma forma de começar do zero, longe da família. Mas ele foi dispensado quase que imediatamente, porque ele não tinha jeito com armas. Elas o apavoravam, foi sabendo disso que comecei a me questionar sobre a ideia de suicídio. 

Marshall sentia o mesmo. Ele queria saber quem tinha matado Ronnie. Eu tinha minhas suspeitas. Muitas pessoas me disseram que Ronnie havia sido morto como uma forma de retaliação por Todd ter matado Mike Harris. 

Os dias que se seguiram não me recordo muito bem, é tudo confuso. Marshall se recusou a ir comigo no funeral. Ele estava muito abalado. Eu conseguia entender isso, então eu fui sozinha. 

Eu ficava em contato com a policia. Porque eu trabalhava em um hospital as pessoas presumiram que eu iria administrar essa perda melhor que os outros. Eu tive que ver as fotos do corpo de Ronnie caído no chão com os dedos ainda na arma. 

Eu tentei ter alguma resposta sobre a sua morte. A policia me disse que ele e a namorada haviam brigado. Ronnie arrombou a casa do vizinho e pegou a arma dele e disparou. A morte foi dada como suicídio. Não fazia sentido para mim. Eu queria uma autópsia, mas o resto da família não queria. 

O funeral teve o caixão aberto. Ele tinha um curativo branco sobre o olho e em sua cabeça um boné de baseball. Eu estava devastada tentando administrar tudo isso. 

Depois eu voltei para o hotel onde estava ficando e Marshall ligou. Ele evitava falar do tema enquanto eu tentava contar para ele como havia sido o funeral, mas ele não queria saber. 

"Cala a boca porra! Me escuta!" ele gritou. "Lembra dos móveis novos que você comprou para a sala? Se foi, eles pegaram de volta."

Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. Eu podia ouvir Kim rindo ao fundo, provocando ele para me contar mais. Marshall não sabia, e se recusava a acreditar que Kim havia devolvido toda a minha mobília. Eu tinha acabado de pagar por dois lindos sofás, mas Kim ligou para a loja e fez eles buscarem o móvel alegando que eu não tinha mais condições de pagar. 

"Eles virem e levaram os móveis", disse Marshall

"Por que?" eu perguntei. "Por que você faz isso?"

"Foda-se vadia" ele gritou.

Minhas pernas cederam. Ele xingava ocasionalmente mas nunca havia falado comigo dessa forma. Eu estava chorando, não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

"Eu odeio ter que te dizer isso mas estou cansada de você", eu gritei. "Eu queria que naquele caixão estivesse você ao invés de Ronnie".

Não sei da onde saiu isso. Eu não queria dizer aquilo, eu só estava cansada. Passei o dia olhando as fotos do corpo de Ronnie, seu corpo no caixão, cuidando de minha mãe, visitando Todd na cadeia. E agora Marshall começou a se tornar abusivo. Eu estava sob muita pressão, nunca sabia o que Kim iria fazer. Eu liguei para Marshall logo em seguida.

"Filho, desculpe, eu não queria falar aquilo", mas ele desligou o telefone na minha cara. 

Eu não conseguia parar de chorar. Parecia um pesadelo. Chorava por Ronnie e pelo que havia dito a Marshall. 

Eu pedi várias desculpas a Marshall por dizer que preferia ele morto a Ronnie. É claro que eu não queria isso. Mas Marshall se recusava a falar sobre o assunto. Só soube de seus sentimentos 10 anos depois em "Cleanin Out My Closet",quando ele usou as minhas palavras contra mim e disse que eu estava morta para ele. Eu não posso ouvir essa música sem começar a chorar. Eu me arrependo de ter dito aquilo, e vou me arrepender até o dia da minha morte.

Depois da morte de Ronnie, Marshall entrou em depressão. Ele ficou mudo por três dias e pensava em se matar quando ouvia as fitas que os dois tinha gravados juntos. Ele se afastou de tudo e começou a escrever. Referências do Ronnie estão espalhadas nas músicas do meu filho, incluindo um dos seu singles mais conhecidos "Stan". Ele também dedicou o Marshall Mathers LP à memória do Ronnie. 

Eu escrevia os meus sentimentos também. Cartas para Marshall. Poemas no meio da noite quando eu não conseguia durmir por angustia. O ano após a morte de Ronnie foi um período muito sombrio para nós. 

Todd ainda estava preso. O caso dele demorou um ano para ir a julgamento. Nós presumimos que ele iria ser inocentando. Ele matou um cara louco que ameaçava a estuprar seus filhos. Qualquer pai teria feito o mesmo. Eu passei horas com Todd e seus advogados revendo as evidências.

Mike Harris era o louco local e uma ameaça ao departamento de policia. Ele me ameaçou com uma faca quando eu estava grávida. Todd havia conhecido Janice, a mulher que se tornaria sua segunda esposa e mãe de seus filhos mais novos, Korey e Bobby. Mike Harris era irmão dela. 

Harris tinha um ciúmes absurdo de Todd. Ele quebrava as janelas da casa de Todd, maltratava o pastor alemão de meu irmão, uma vez ele colocou açúcar em um tanque de gás de uma caminhonete antiga que Todd estava restaurando e estragou todo o motor. 

Todd fazia de tudo para evitar Harris, mas o homem não desistia. O casamento de Todd também estava com problemas, Janice havia se tornado amiga de meu pai Bob Nelson. só Deus sabe o que acontecia lá. Quando o seu segundo filho nasceu ela o nomeou de Bobby Ray Nelson, em homenagem a meu pai ausente, Todd me contou isso em uma visita que ele fez a Michigan.

Quando ele voltou para Missouri, Janice o recebeu no aeroporto. Ele estava cansado e com fome não havia dormido no vôo de volta. Todd segurava o bebê Bobby enquanto Janice entrou uma loja de conveniência com Korey, 3 anos.

Harris apareceu do nada gritando "Eu vou estuprar esses pequenos bastardos no banco de trás do seu carro". Ele tentou abrir a porta do carro e Todd gritou para ele parar e começou a procurar no porta luvas pela chave extra para te-la sob seus cuidados quando ele achou uma antiga arma de fogo de Jenice. Ele apontou a arma para Harris que fugiu.

Alguns minutos depois Harris apareceu portando uma lupara. "Eu vou matar seus filhos!" Ele tinha escondido a arma no carro da sua ex-mulher e correu para o banco de trás do carro de Todd tentando chegar nas crianças. 

Apavorado, Todd cedeu a fúria. Ele pegou o antigo 38 que havia encontrado no carro, e atitou, e atirou. Harris tentou dar um golpe de karatê e gritava ameaças de morte. Até que uma bala o acertou. 

Só então, Janice saiu da loja. Todd a pediu que o levasse a delegacia de policia. Ele entrou em choque, pálido e enjoado e entregou a arma. O exame de balística disse que Harris estava fugindo quando a bala o acertou. 

O advogado de Todd havia sugerido alegar insanidade temporária, mas Todd se recusou. Ele sabia que era inocente e eu concordava com ele. Mas ele foi acusado de homicídio culposo, porte de arma e lhe foi negada fiança. Todd insistia em um julgamento. Ele não era culpado. 

Não me permitiram testemunhar por causa do meu histórico com Harris. A defesa queria me chamar para que eu contasse o que havia acontecido durante a minha gravidez. Eu passei duas semanas aguardando no tribunal e no final eles não me chamaram. Todd foi declarado culpado e sentenciado a 8 anos - 5 por homicídio culposo e três por porte de arma. 

Não importava o quanto eu banisse Kim da minha casa ela sempre voltava. Ela atravessava pela porta, me dava o dedo e  depois dizia a Marshall, "você tem que escolher - eu ou sua mãe". 

Nem os amigos de Marshall conseguiam entender o poder que ela tinha sobre ele. Uma vez eu perguntei para ele, "O que há com ela? Ela não pode ser tão boa assim".

Ele encolhia o ombro e dizia "Ela é minha namorada e você é minha mãe. Eu estou no meio". Ele dizia que se sentia no meio de uma guerra. Eu sentia o mesmo, exceto que era Kim no meio puxando Marshall de mim. Ela me deixava louca, quebrava as minhas coisas, roubava, ligava para a assistência social ou policia. Ela era horrivel com Nathan. Ela se referia a ele como "o pequeno bastardo" - mas tudo isso quando Marshall não estava vendo ou escutando.

Chegou até a me enviar uma tarântula viva por correio eu chamei a policia. Eu vivia no limite. E meu relacionamento com os filhos dos vizinhos não ajudava pois eles constantemente implicavam com Nathan.

Nathan que tinha 6 anos era amigo de umas crianças que viviam perto de Dresden. Eles chegavam em casa chorando dizendo que a mãe deles estava bêbada e havia machucado eles. Nathan segurava a cabeça e uma das crianças falou, "Mãe machucou ele também".

Eu fui ate a casa da mulher com Marshall e Kim para tirar satisfações. Ela era ex-soldado, duas vezes o meu tamanho e andava como um homem. Ela balançou as cinzas do cigarro em meu cabelo. Eu a segurei e empurrei ela contra uma arvore. Eu estava muito nervosa. Eu iria jogá-la no chão se Marshall não tivesse me afastado. Nem eu conseguia acreditar que eu estava batendo em uma ex-soldado que era duas vezes do meu tamanho. Eu não sou violenta, não gosto de brigas, mas quando se trata dos meu filhos eu viro uma tigresa. Ninguém os machuca.

A policia chegou e interrogou nós duas. Eu disse a eles o que ela tinha feito. No dia seguinte a família dela havia se mudado. Depois alguém incendiou a casa deles. A policia veio me questionar sobre isso, mas eu não sabia de nada.

Eu não conseguia vender a casa. A área estava super desvalorizada. As pessoas estavam saindo do bairro. Eu consegui alugar a casa para um casal muito sipático e me mudei para Saint Clair Shores, há 20Km de Detroit.

Marshall conseguiu um emprego onde ele ganhava $5,50 a hora no restaurante Gilbert's Lodge. Quando ele não estava trabalhando ele estava fazendo música junto com seu amigo de escolha Mike Ruby. Marshall era M&M e Mike era Manix. Eu achava que eles era ótimos e passagem uma boa imagem do rap de Detroit. Mas Kim não ajudava na auto-confiança deles. Ela constantemente falava que Marshall "não passava de um cozinheiro de hambúrguer".

Kim não trabalhava muito. Ela queria ser modelo - certamente era alta o suficiente - mas ela não parecia preparada para trabalhar com isso. Ela conseguia empregos temporários aqui e ali, mas não durava muito. Marshall ainda tentava provar o seu valor para a mãe de Kim e o padrasto dela. Mas direto eles o chamavam de "burro" e não deixavam ele entrar na casa. 

Quando as contas começavam a se acumular eu guardava essa informação para mim, não queria preocupá-lo. Até quando o casal que estava alugando a casa parou de pagar. Eu lutava para manter os dois imóveis e ajudar Marshall. 

Ele estava sempre gastando mais que o necessário. Eu me culpava disso por não ter ensinado a ele a economizar. Eu não queria que ele se preocupasse com isso. Eu emprestava dinheiro a ele. Uma vez eu saquei $141,30 de seu pagamento e dei para ele $150 em retorno. Dois dias depois Marshall pediu o cheque de volta, ele tinha feito uns compromissos e precisava do dinheiro. Eu falei que tinha descontado para ele mas ele me acusou de roubar seu salário. Eu falei que já tinha feito um novo depósito mas ele não escutou.

"Sua vadia você roubou o meu pagamento" ele gritou e saiu de casa. Kim o seguiu dizendo "Ela pegou todo o seu dinheiro". 

Esse incidente também foi usado contra mim em 1999 em uma entrevista que ele disse que eu o obrigava a procurar emprego para depois fazer uso do salário dele. Eu deveria ter me defendido na época. 

Marshall tentou viver por conta própria algumas vezes. Nunca durava muito até ele voltar para casa. Kim achou uma casa no subúrbio de Detroit e Marshall a seguiu. Era lá que ela sempre alegava que alguém invadia a casa e roubava as coisas deles.

Fonte e Créditos á Eminem Forever

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