Mr. Porter fala sobre o projeto Hell: The Sequel


O produtor executivo de Hell: The Sequel, membro do D12 e hypeman do Eminem, Mr. Porter conversou recentemente sobre como foi trabalhar no EP do Bad Meets Evil.

Quando os boatos sobre o retorno de Bad Meets Evil vieram realmente a serem concretizados no início deste ano, foi um momento épico no hip hop. De volta aos holofotes veio a dupla formidável de Eminem e Royce Da 5'9" que tinham enterrado a sua briga e reacenderam sua paixão pela criação de música. Mas a cola que selou este projeto altamente antecipado foi Denaun Porter, que foi colocado de volta em ação em 2009 após batalhar contra seus demônios, que quase resultou em uma morte prematura, se o Eminem não tivesse chamado o seu irmão do D12 para acompanhá-lo na estrada.

Trabalhar com o Em e colocar sua vida de volta nos trilhos, trouxe uma mudança na gestão, uma nova perspectiva e um novo estilo de produção, os quais têm sido a seu favor. O produtor conhecido como Mr. Porter pode ter saído de um período sabático que ele nunca irá compreender, mas o resultado desse tempo com a indústria será beneficiado por todos, como já vimos com o trabalho que ele tem lançado desde o seu retorno.

Ele falou para a coluna Producer's Corner do HipHopDX sobre o quanto ele ainda está ganhando o seu respeito com o rapper número um do mundo, seu papel como produtor executivo em Hell: The Sequel e  quem ele admira entre sua equipe de produção. É sua falta de ego e capacidade de admitir suas falhas que fazem dele o produtor que é hoje.

HipHopDX: O que o projeto do Bad Meets Evil, Hell: The Sequel, significa para Detroit?

Esperamos que tenha criado uma faísca para fazer os jovens e artistas adotarem uma abordagem diferente, pois queremos conquistar os melhores artistas do nosso estado e incentivá-los a chegar lá e fazer o que fazemos melhor.

HipHopDX: Isso é você dizendo que as pessoas estão prontas para passar a bola, podemos dizer assim? 

Não é bem isso, é simplesmente a gente tentando reiniciar o motor, só isso. Eu acho que com o álbum [Recovery do Eminem] e o sucesso que tivemos, isso foi o suficiente para motivar algumas pessoas, mas elas estão acostumadas a verem o Em na luz. Ele fazendo [Hell: The Sequel] o colocou em uma luz que as pessoas não o viram por um tempo. Eu espero que apenas fazendo o álbum, reacendendo o grupo e fazendo algo que deveria ter sido feito há um tempo atrás, tenha provocado alguma coisa, da mesma forma que nós queremos ouvir o que a próxima geração fará. Ainda estamos criando grandes idéias.

HipHopDX: Você foi produtor executivo de Hell: The Sequel, isso foi um passo inevitável para você? 

Não, eu realmente tive que conseguir isso. Foi depois deste projeto que percebi as expectativas que você tem para si mesmo, de coisas que você quer que as pessoas vejam que você é capaz de fazer. Eu tinha tantos desafios. Eu não corro por aí dizendo: "Eu posso fazer isso - eu posso fazer aquilo" Eu quero que o meu trabalho fale por si próprio. Cada projeto que faço fico tão grato. Eu ajudei a construir o álbum, eu produzi 60% dele, e acompanhei o processo com eles. Eu estava confiante para fazê-lo. Mas é difícil quando você faz produção executiva, quando você produziu cinco ou seis sons em um álbum, a credibilidade que vem com ele.

HipHopDX: Muita pressão, eu imagino?
 
Veja, essa é a coisa: é fácil para eu montar um álbum agora. Quando você vê os professores que tive, você olha para as pessoas que eu estive ao redor. Eu fui inspirado por J Dilla, tive a oportunidade de passar um tempo com ele de vez em quando. Eu apresentei o J Dilla ao Dr. Dre. Consegui pôr ele e o Dre no estúdio ao mesmo tempo. Eu era um protegido do Dre, Eminem e Proof. Com todas essas pessoas e estando nos bastidores e aprendendo muito, eu deveria ser capaz de ser produtor executivo de um álbum. Minhas capacidades são incríveis, é que agora eu tenho que fazer isso fora da minha equipe para que as pessoas digam: "Oh, isso foi um grande passo", e eu espero que eu possa continuar fazendo mais do que as pessoas possam ver. Mas eu tive que conquistar essa merda, não foi dado à mim de maneira alguma.

HipHopDX: Como surgiu o projeto? 

Estávamos em um avião, eu, Em, Royce, Alchemist e Paul [Rosenberg]. Nós tínhamos feito um show, eu acho, e Paul tinha dito algo sobre fazer um álbum. As pessoas não sabem, mas Royce e eu já estávamos trabalhando naquele tempo em que ele e o Eminem começaram a conversar, e o Royce e eu começamos a conversar.

HipHopDX: A música que você deu aos caras para gravar para o projeto Bad Meets Evil foram essas que estão no álbum ou só aquelas que fizeram a criatividade fluir?

Eu comecei o projeto e ele tomou forma com a música que eu estava dando a eles. "I'm On Everything" foi a primeira música que nós trabalhamos. ["Take From Me"] foi a última música que eu trouxe para a mesa. Senti que essa questão das músicas vazarem na internet, foi a primeira vez que eu tinha dado um conceito ao Em, e eu pensei comigo mesmo: "deixa eu atacar isso". O que foi uma grande realização para mim. Para um dos melhores rappers do nosso tempo considerar uma idéia e realmente transformá-la em alguma coisa - que na verdade era a última música. Mas depois sentimos que precisávamos de alguma diversidade, por isso criamos a música "A Kiss", o segundo som no álbum e em seguida "The Reunion".

HipHopDX: Só de ouvir o Eminem em suas batidas, a coesão e a relação que você tem é tão óbvia. É como ouvi-lo em uma batida do Dre. Tem que ser uma situação onde ambas partes ganham. 

Estou sempre tentando impressioná-lo, sempre, mas agora ele me respeita como produtor. Eu tive que crescer nisso mais uma vez. Quando éramos mais jovens e eu estava fazendo batidas para ele e para o D12 antes dele ter um contrato, tínhamos uma sinergia que ainda temos agora, nós combinamos. Quando ele se juntou ao Dre, ele deu 30 passos à frente e eu tive que alcançar esses 30 passos. Ele não me apresentou ao Dre. Ele não disse: "Este é meu produtor [antigo]. Será que tem alguma maneira de você ensiná-lo?" Eu tive que conquistar isso também. Dre ouviu algumas batidas que eu produzi, elas chamaram a atenção do Dre e ele disse: "Venha para L.A.", e eu me tornei um protegido do Dre. Aprendi a [expandir] sonoramente. Eu não me importo com quem você é, o que você faz, quantas visitas você teve, eu vou estar lá e surpreender as mentes de todos. Eu nunca tinha me colocado nessa posição antes. Eu tinha feito a plataforma comigo e com o Em trabalhando juntos novamente. Temos algumas músicas que as pessoas não ouviram ainda, mas entrando nesse clima, agora é a guerra química, mísseis nucleares. [Risos]

HipHopDX: Mas isso dispara a paixão por toda parte, para vocês como artistas e produtores e em seguida, para nós, como fãs, sabe, que é uma grande coisa. 

Fico feliz que as pessoas estão sentindo que, como você nunca poderia ter me dito todos esses anos atrás, quando eles estavam lançando "Scary Movies", ninguém poderia ter me dito que eu iria ser produtor executivo do [futuro] álbum deles.

Confira a entrevista completa e em inglês aqui.
Fonte: Eminem Brasil

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