Tradução do livro My Son Marshall, My Son Eminem. 16º Capítulo


Capítulo 16

Marshall e eu concordamos que o natal de 1996 foi quando nossa família atingiu o ponto mais baixo de sua história. Nathan ainda estava no orfanato e eu estava tentando tira-lo de lá. Kim e Marshall ficaram na casa em Saint Clair Shores, enquanto eu me mudava para um novo lar em Casco Township, onde havia escolas melhores para Nathan. Minha advogada sugeriu que eu me afastasse de Marshall ou ele poderia perder o seu direito de visitar Nathan. Nós não nos falávamos, mesmo quando eles autorizavam Nathan a passar a noite em Saint Clair Shores.

Eu me lembro que eu dirigia as vezes até lá só para olhar pela janela e poder ver o Nate brincando no chão com Hailie. Meu coração partia. Eu sentia que devia estar lá com eles. Marshall uma vez me viu e disse que eu tinha que ir embora, ou eles não deixaria mais ele ver Nathan. Aquilo me destruiu, eu chorei durante todo o caminho de volta para casa.

Depois Marshall perdeu seu emprego na Gilbert’s, e o seu primeiro álbum, “Infinite” foi um fracasso. Ele vendeu algo em torno de 500 cópias, e a única divulgação que ele conseguiu do álbum foi em uma rádio local, ainda assim fazendo piada do álbum. Os vendedores de disco diziam que ele soava como Vanilla Ice. Eles ainda riram dele por ele ter agradecido a Kim e a mim pelo apoio.

Eu amei “Infinite” me senti orgulhosa de Marshall. Ele escreveu sobre sua luta em sustentar Hailie, seus sentimentos por Kim, suas batalhas no hip-Hop shop – onde ele geralmente ia sábado a noite.

Ele só conseguiu uma crítica positiva. “Underground Soundz” escreveu: “sua mestria na gramática permite a ele escrever histórias coerentes, não só freestyles e pedaços de rima solta”.

Eu tentei anima-lo dizendo que ele havia provado que podia, especialmente para seus professores que haviam lhe dado “C” em gramática. Mas Marshall negava tudo em desespero. Uma de suas faixas “Searchin”, tocava de vez em quando na rádio em Detroit, mas ele sabia que não era o suficiente para ganhar a atenção nacional. Ele continuava escrevendo, mas não mais me mostrava as suas composições.

Marshall foi intimado pelo Estado de Michigan a depor contra mim. Ele não tinha escolha e estava muito triste a respeito. O julgamento foi marcado para o dia 15 de abril. Eu estava sendo acusada de negligencia e abuso contra Nathan. Meus advogados Betsy Mellos e Mike Friedman estavam negociando com o Ministério Público em um possível acordo, mas eu queria que fosse a júri. Não iria dar nova chance a eles. Quase 150 pessoas foram chamadas no processo incluindo médicos especialistas, de ambos os lados, para evidencias. Fui obrigada a ver três psiquiatras, frequentar aulas sobre maternidade e enfrentar a mídia local. A manchete do Macomb Daily no dia do julgamento era: “MÃE ACUSADA DE LESIONAR O PRÓPRIO FILHO PARA GANHAR ATENÇÃO”, e continuava explicando a síndrome de Munchausen by Proxy.

Marshall foi um dos primeiros a ser chamado a mesa. Os oficiais do tribunal fecharam a cara ao ver sua vestimenta larga. E faziam cara feia quando de costas para ele. O Ministério Público perguntou a ele sobre a casa que ele estava morando em Saint Clair shores, junto com Kim e Hailie. Eles não estavam pagando as contas e a casa estava sendo tomada. Eles tentaram fazer Marshall parecer um irresponsável. 

O promotor insinuava que Nathan provavelmente usou mamadeira até os 6 anos até que virou para Marshall e perguntou; “Então ele levava ela para escola com ele?”. “Não” e disse que Nathan sempre comeu direitinho.

Quando ele perguntou se eu era uma mãe boa ou ruim ele não hesitou em responder: “Ela é uma boa mãe”. Ele também disse que eu nunca machuquei Nathan, nunca havia feito nada de errado a não ser bater no bumbum de Nate quando ele tinha  5 anos. Para uma testemunha que foi chamada para me acusar ele fez um ótimo trabalho me defendendo.
Eles também perguntaram: “Você ama a sua mãe?” mas ele não respondeu.

Outras testemunhas foram chamadas. A escola alegava que eu tinha levado Nathan a nove médicos diferentes. Mas eu podia provar o contrário. O médico da família, Dr. Sal, veio em minha defesa. Quando perguntaram para ele que tipo de mãe eu era ele fez com que eu e o juiz sorríssemos na referencia de June Cleaver, a mãe perfeita da seria de Tv “Leave It to Beaver”.
“Ela pode não ser June Cleaver”, ele disse. “mas está bem próximo disso”.

Nathan foi ao médico oito vezes em nove anos. Eu me preocupava que o juiz fosse dizer que isso não era o suficiente. Também, durantes os 16 meses que ele ficou sob os cuidados de uma família adotiva, ele teve inúmeros acidentes e precisou de cuidados médicos, pois quebrou vários dedos e a clavícula. Ele também se machucou feio quando alguém no campo de golf bateu no olho dele.

Faltando três dias para terminar o julgamento, o caso foi interrompido de maneira brutal. Os advogados e promotores tinham chegado a um acordo. Se eu concordasse que o Serviço Social visitasse a casa, freqüentasse as aulas sobre maternidade, e me comprometesse que Nathan iria para escola, eu poderia ter ele de volta. Nathan implorou para eu concordar, e eu disse sim.

Nós ainda tivemos que esperar algumas semanas para que Nathan voltasse para casa. Ele tinha que terminar a escola primeiro. Eu organizei uma grande festa de boas-vindas, enchi a casa de balões e faixas. O jornal local tirou uma linda foto de todos nós juntos.

Eu mantive contato com a Associação de Índios Americanos. Um dos membros, Faye Gibbons, havia se tornado uma grande amiga. Ela sempre renovava o meu espírito de luta.  “Você não é uma sobrevivente; você é uma conquistadora”, ela dizia, “Isso é certo. Se houvessem quatro de você, você já estaria comandando o país”.

Eu disse a ela que iria continuar lutando para que nenhum outro descendente de nativos americanos fossem levados a adoção. Ela me apoiou, e quando finalmente Michigan’s Children’s Ombudsman denunciou que a corte de Macomb Coutny não estava seguindo a legislação de proteção aos Índios americanos é que Nathan foi liberado. Eu sabia que assim havia aberto um importante precedentes, e isso poderia ajudar muitas famílias no futuro.

Enquanto isso, Marshall estava passando por mais um rompimento com Kim. Ele se mudou para nossa casa – Nan estava morando comigo também. Permitiam Marshall a ficar com Hailie algumas vezes, mas bem de vez em quando. Eu estava muito feliz. Hailie era uma estrelinha. Toda tarde depois que ela escovava o cabelo, ela girava em sua camisola em frente ao espelho e perguntava: “Estou bonita?”. Todos nós respondíamos em coro que sim. Eu apelidei ela de “Fuss Bucket”; ela me chamava de Mamãe.

“Jamais deixe Kim ouvir ela te chamando de Mamãe”, alertou Marshall. Eu concordei. Kim entrava e saia de nossas vidas sempre criando uma confusão.
Marshall conseguiu uma referencia na revista “Source” na coluna de “Unsigned Hype”. O garoto branco magrelo que conquistou os críticos de rap em Detroit e agora tinha se tornado um dos principais nomes da cidade no Freestyle. Os locutores de rádio que antes tinham rido dele agora o chamavam para ir ao vivo nos programas.

Ele também criou um novo alter-ego. Slim Shady um engraçado, anti-herói que sabe ser violento contra todas as pessoas que uma vez machucaram Marshall. E isso, ele me disse, incluía os garotos que o perseguiam na escola, Kim, e as pessoas que caçoaram de “Infinite”.

“É tudo uma piada mãe” ele me garantiu. “As músicas são engraçadas. Elas não foram escritas para serem levadas a serio”.  

Os produtores de Detroit Mark e Jeff Bass acreditavam em Marshall quando ninguém apostava nele. Ele gravou “Infinite” no estúdio deles e depois no começo de 1997 ele voltou para gravar “The Slim Shady EP”.

De repente todos estavam atrás de Marshall, ou devo dizer, Eminem e Slim Shady? Ele ainda estava quebrado e lutava para sustentar Hailie, alem de brigar constantemente com Kim. Mas no mundo do rap em Detroit ele já estava famoso.

Ele voou a Los Angeles para participar da Rap Olympics, onde ele acabou ficando em segundo dos cinqüenta participantes. Ele fez uma performance ao vivo em uma rádio de grande audiência chamado “The Wake up show”. Não muito depois disso ele foi eleito pelo programa como o melhor Freestyle do ano. Em algum ponto, nesse momento, Marshall chamou a atenção de Dr. Dre.  

Ele voltou de LA super empolgando, não parava de falar. O telefone tocou e eu atendi uma ligação, era Dre. Depois que entreguei o telefone para ele; ele começou a dar socos no ar gritando “Sim, sim!”

Finalmente Marshall tinha a grande chance que ele merecia depois de anos sendo rejeitado. Em janeiro de 1998 ele assinou com a Aftermath  e foi direto para o estúdio de Dre em Los Angeles gravar. Ele ligava para falar comigo, Hailie, e Nate dias sim e não. Ele sabia que quando Hailie estava comigo ela estava em boas mãos – nós nos divertíamos muito íamos ao parquinho, pedíamos pizza...

Marshall era só alegria, me contava das pessoas que ele tinha conhecido, as músicas que gravou, e os planos para a primeira turnê nacional. Ele terminava nossas conversas como sempre, dizia que me amava, e que mal podia esperar para ver a sua garotinha quando voltar, Nan e o resto de nós.

Quando Marshall voltou, quase um mês depois, ele estava um pouco sórdido, ele havia modificado o seu jeito de ser. Ele disse que tinha que provar o seu valor a industria do hip-Hop por causa da sua cor de pele. Ele estava sempre brigando com as pessoas que achavam que ele tinha nascido rico em berço de ouro.

Eu achei algo em torno de 15 a 20 pílulas no chão do seu quarto um dia. Ele me disse que eram aspirina. Eu me preocupava que Hailie ou o cachorro as engolisse então joguei tudo na privada. Ele veio para cima de mim como um louco. As pílulas era Vicodin, analgésicos de tarja preta.
Ele disse que estava com problemas para dormir e as pílulas ajudavam.

Kim voltou para a cena. Agora Marshall não era mais um “Zé ninguém inútil”, como ela costumava chamar ele. Ele estava no caminho de se tornar um super star. Ela passou a ser presença constante em seus shows, ela adorava a fama e o glamour. Me disseram que ela também dava pílulas para ele se acalmar antes de subir aos palcos.

Quando Marshall não estava na estrada ele estava nos clubes de rap em Detroit. Ele não esqueceu os seus antigos amigos. Eu ainda tenho o panfleto que ele fez para o show dele com Proof, Da Klinic e Mass Hysteria em 25 de julho de 1998.

Ele não tocou para mim nenhuma das suas músicas do Slim Shady. Mas até onde eu sabia elas não era ofensivas – ele precisava do apoio da rádio. Os rabiscos que via dele eu via menções a Hailie, seus medos. Ele tinha quase 26 anos e ainda morava em casa, e a coisa que ele mais temia era perder Hailie.

Depois de anos sozinha e finalmente me apaixonei de novo. John Briggs iria se tornar o meu quarto marido. Todos adoravam o John, menos Marshall. Quando eu tentei apresentar os dois Marshall disse: “Tire esse filho da puta da minha frente”. Ele ficou furiosos quando soube que John e eu havíamos decidido mudar para Saint Joseph.

“Se você se mudar não vai poder ver Hailie”, ele disse. Eu disse a ele para parar de ser bobo, que eu iria visitá-lo.
“você vai se arrepender. Eu nunca vou falar com você novamente se você voltar para Saint Joe”, ele disse.
“Por que? Qual o problema?” perguntei.
“Pode esquecer de mim”. Marshall queria que eu ficasse em Casco Township. Ele gostava do bairro que morávamos e do conforto pois cabia todos nós tranquilamente. Eu falei com Nan, que já estava com a saúde debilitada, e ela me deu força para me mudar.

Eu tentei explicar para Marshall: “Filho você tem sua vida agora, tem a Hailie e Kim. Sua carreira está decolando. Por favor me deixe viver a minha vida.”
“você tem uma vida, comigo, com Hailie, com Nathan e Nan” ele respondeu.

No final concordamos que ele podia ficar com a casa. Mais uma vez Kim prometeu pagar as contas. Eu deixei todas as contas em meu nome e me preparei para voltar a Saint Joe.

Fonte e  Créditos á Eminem Forever

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